terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hannah

Não gosto de me guiar por mapas.
Nem por agendas. Nem ponteiros. Tic tac’s só no miocárdio.
Também não gosto de gestos previamente ensaiados. Arquitectados.
Gosto de impulsos.
Do imprevisto. O que eu gosto do imprevisto. Junto com impulsos. Gosto tanto.
...
Foi num desses impulsos do imprevisto, ou ao contrário também dá, que conheci Hannah.
Senhora de um quê de dissemelhante. Sentada num banco de madeira, lia o jornal sobe os graus negativos que se faziam sentir. Retina grande. Antiga actriz de teatro dos anos 60.
Nos sapatos de sola fina, a imagem da maschera nobile. Curiosos aqueles sapatos. Como curioso era tudo em Hannah.
Chamou-me para dentro da sua loja. Trajes e mais trajes do outro século e ainda do outro. Parecia que estava dentro duma máquina do tempo. Sublime, verdadeiramente sublime aquela loja no meio daquele beco perdido com aquela senhora de conversa agradável.
Conversamos sobre a Grécia antiga, sobre filosofia e também sobre sentimentos.
Curiosa esta vida de pessoas qua ainda vão tendo a coragem de serem diferentes, de terem aquele charme tão eloquente do que é intenso e bonito.
Hannah conhece Lisboa, e o que mais gostou foi da ladra, que se diz feira. E da vista. E do Tejo. E do mar.
Combinamos a ausência de informática para a troca de partilha do clicar. Este segue por carta, assim como uma concha, deste mar que é tão nosso.
Hannah foi de um enorme prazer conversar contigo e partilhar um pouco da minha estranheza.
E é por isto e por outras tantas coisas, que uma pessoa mesmo que viaje sozinha, nunca está sozinha. Existem pessoas fantásticas em cada esquina.
À nossa espera.
No imprevisto.
E eu gosto tanto disso.
Improvisa ;)

[Na ardósia uma citação de Rumi, filósofo preferido de Hannah]
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— em Amesterdão | Holanda

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